Tem bebês que apenas choram
E anciãos que a Deus adoram,
Tem criança indo à escola
E guris cheirando cola.
Tem netinho sem avó
E gente vendendo pó.
Tem artista tem banqueiro
E muita gente sem dinheiro.
Tem turista, tem bacana
Tem gente com muita grana
Tem doutor, tem professora
Nesta gente sofredora
Tem gente que vai e vem
Lutando por algum vintém.
Tem gente que muito trabalha
E político que atrapalha.
Tem polícia, tem ladrão
E gente de bom coração
Tem assalto e poesia
Tem canção e correria.
Tem gente que passa fome
Também tem quem muito come
Comida nem sempre há
Na terra em que tudo dá.
Tem gente que nada lê
E também que em nada crê
Tem muito trabalhador
Que só vota em seu doutor.
Tem gente que vende pão
E gari que varre o chão
Trabalhador desempregado,
Tem juiz e advogado.
Convivendo e se estranhando
Se abraçando e se matando
Neste grande emaranhado
Em que este povo foi moldado.
Tem até gente se amando
E no futuro acreditando.
No campo e na cidade
Construindo a sociedade.
Jerônimo de Almeida Neto