sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ENTREVISTA COM EVERSON FERNANDES

Fomos até o jovem Everson Fernandes Boaventura, o grande vencedor do nosso VII Concurso de Poesia.

Menino humilde, trabalhador e de uma garra muito grande. Seus versos são fortes e que sempre trazem uma mensagem de otimismo, luta e de transformação.

Segue abaixo uma entrevista exclusiva...

BLOG - O que a você acha da realização do concurso de poesia para a nossa região?
EVERSON - Sua realização traz oportunidades de crescimento intelectual para nossa região, permite a descoberta de talentos, de jóias raras que precisam ser lapidadas e o concurso é uma ferramenta de crucial importância que manufatura as pedras preciosas vindas das Estradas Reais do nosso Brasil.

BLOG - O que você destacaria de positivo no desenvolvimento literário das pessoas que o concurso pode proporcionar?
EVERSON - Acredito que o concurso é uma fábrica de inspiração para população, os participantes tem a grandeza de demonstrar suas obras que são uma representação de experiências vividas. Muitos pontos positivos podem ser notados, o exercício da leitura e a vivência de valores culturais são de extrema importância, pois desenvolvem o intelecto e a identidade cultural de um cidadão.

BLOG - Como se sente vencendo pela primeira vez o concurso?
EVERSON - É uma grande honra poder expressar-se através dessa maravilhosa arte que é a poesia, podemos extrair do fundo de nossos corações emoções raras e temos a oportunidade através do concurso de expor nosso íntimo, nossa opinião, paixões, desejos e mostrar por quem e porque lutamos dia após dia. Agradeço a Deus por me dar esse dom, minha família que me apóia sempre, em especial meus irmãos Douglas e Elaine por todo seu empenho nesse projeto e meus amigos que aturam esse maluco sonhador, poeta trabalhador.

BLOG - O que destacaria como diferencial desse concurso?
EVERSON - O impacto social que ele permite, não sendo apenas um concurso de poesias onde as pessoas vão lá para se vangloriar e vencer desafios entre si, embora a competição também seja gostosa, podemos praticar o coletivo, o apoio e o incentivo entre os participantes e o público e podemos superar o desafio de superar a nós mesmos.

BLOG -  Deixe uma mensagem aos internautas que nos acompanham pelo blog...
EVERSON - Nunca deixe de acreditar em você, a alegria da vida está em crescer, vencer depois de lutar, sem desistir ou deixar de trabalhar, Dia após dia seus sonhos, como meninos e meninas risonhos, trabalhadores, banqueiros ou carteiros, na rotina da vida, são todos aventureiros. Abraços a todos!




domingo, 21 de agosto de 2011

VII CONCURSO DE POESIA

Everson F. Boaventura
Na tarde deste domingo, dia 21 de agosto de 2011, na Paróquia São Geraldo, aconteceu o VII Concurso de Poesia, um momento para ficar na memória e na história dessa comunidade.

Idealizado e apresentado por Leonardo Campos, esse concurso contou com a participação de nove concorrentes e pôde contar como júri, Neusa Borges, Hildebrando Pafundi, Jerônimo de Almeida Neto e Nelsa Félix.

O concurso trouxe o tema em homenagem ao “cinquentenário dos Filhos da Caridade evangelizando no Brasil” e teve como grande vencedor, Everson Fernandes Boaventura.

Com a presença de um público animado ao som da boa música popular brasileira, na voz de Marcelo Corrégio, também Padre Félix e Padre Luiz Carlos acompanharam o evento.
VIVA A POESIA!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

HISTÓRIA DOS FILHOS DA CARIDADE NO BRASIL


Parte 6...
Greve no ABC, em 1979
Por volta do ano de 1.976 os padres operários acharam que a região de Santo André seria mais favorável a um trabalho de conscientização operária e alugaram uma casa no bairro Homero Thon, perto da Pirelli em Santo André.

Em 1978 começou a primeira grande greve na Scania em São Bernardo. O clima social favorecia a união dos operários para reivindicar melhores condições de trabalho e salários (lembrem-se da inflação naquela época que destruía o poder aquisitivo do trabalhador). Desde 1.975, Dom Cláudio tinha assumido a responsabilidade da diocese e deu um grande apoio às lutas dos trabalhadores nas Greves de 1.979, 1.980 que mobilizavam centenas de milhares de operários.

Na região do ABC faziam a 1ª página dos jornais e da TV e os trabalhadores se reuniam todos os dias no estádio da Vila Euclides em São Bernardo. Quem presenciou estes acontecimentos nunca esquecerá. Só para lembrar o 1º de maio de 1.970 em São Bernardo, ocupado pelo exército que proibia qualquer manifestação, mas por fim foi obrigado a deixar o povo fazer passeata nas ruas até o estádio da vila Euclides, saindo da Igreja Matriz de São Bernardo onde Dom Cláudio acabava de celebrar a Missa do trabalhador juntamente com uns 40 padres da diocese.

Hoje contando esta história, é difícil imaginar o ambiente destes anos, e no meio deste ambiente os padres continuavam o trabalho pastoral com o nascimento das Comunidades Eclesiais de Base, Pastoral Operária, Ação Católica Operária. Havia o Fundo de greve que ajudava as famílias dos grevistas e o padre Bernardo foi por muito tempo animador deste Fundo. 30 anos após estes acontecimentos, parece um sonho que vivíamos com o povo. Como vale à pena conservar a nossa história, a história do povo de Deus guiado pelo Espírito.
Pe. Miguel Lemarchand fc.

Em 1.979 tinha chegado um padre Filho da Caridade Miguel Lemarchand com a missão de encontrar vocações religiosas e sacerdotais com jovens brasileiros porque a França não ia continuar a enviar padres para o Brasil porque as vocações na França estavam diminuindo e porque se a nossa missão de Filhos da Caridade tem valor, deve haver jovens nascidos no Brasil para serem seduzidos pelo ideal do padre Anizan.

Vários padres voltaram para a França, padre Pedro Jordanne, Roberto Du Lattay, Afonso e Henrique. Com os padres operários que chegaram a Santo André, o padre Claudio pediu para ele continuar na diocese de Santos, no bairro Jocquei Clube.

O padre Ivo foi enviado na Colômbia, o padre Bernardo, após um tempo passado na periferia de Salvador, voltou á São Paulo para trabalhar na ACAT (Ação dos Cristãos para a Abolição da Tortura), João Pedro a Cuba: como fazer para continuar os trabalhos pastorais se não tiver Filhos da Caridade nascidos no Brasil?

O padre Miguel começou um longo trabalho, viajando, indo nos seminários, escrevendo cartas. O Instituto comprou uma casa perto da Igreja São Geraldo, apareceram candidatos, mas poucos ficaram. A nossa vida é difícil, seguir o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas, seguir Jesus Cristo que nem casa não tinha para poder descansar. Mas nossas orações e as do povo deram resultado, aos poucos vocações sérias apareceram e, hoje, temos 8 Filhos da Caridade nascidos no Brasil, Nelson Lemos, Jorge Galdino, Joaquim Goulart, Feliz Manuel dos Santos, Edson do Espírito Santo, Luis Carlos Tofanelli, Jorge Cruz e Júlio César Caetano da Silva.

Pe José Mahon Fc.

sábado, 23 de julho de 2011

HISTÓRIA DOS FILHOS DA CARIDADE NO BRASIL


Parte 5...

Dom Jorge Marcos
No fim de 1.970 fomos falar com Dom Jorge dizendo que, com as mudanças sociais no bairro de Santa Terezinha, percebíamos que havia na região bairros muito mais pobres e que poderíamos deixar Santa Terezinha para bairros mais periféricos, de acordo com a nossa vocação. Dom Jorge aprovou o nosso desejo e foi assim que em fevereiro de 1.971 o padre Roberto começou no bairro de Guaraciaba em Santo André, na capela (futuramente paróquia) de São Geraldo.

Em junho do mesmo ano, o padre José começou uma nova paróquia no bairro do Parque das Américas em Mauá, e em setembro, quando deixamos Santa Terezinha, o padre Pedro foi enviado ao Jardim Zaira em Mauá. Embora separados, os 3 padres continuavam a trabalhar em conjunto, vivendo também a sua vida religiosa, mas as dificuldades aumentavam.

Não podemos deixar de lado a situação do povo, muito oprimido pela ditadura militar que tinha começado em 31 de março de 1964. Foram anos de muitas dificuldades com a polícia política (o DOPS) vigiando, havendo muitas reuniões clandestinas.

O padre Pedro chegou no Zaira quando muitos membros da comunidade estavam presos e torturados, o povo tinha muito medo, policiais a paisana vinham gravar as homilias nas Missas e não podíamos ajudar os cristãos e outros perseguidos e ameaçados de perder o emprego e serem torturados nas prisões do DOPS.

Dom Jorge ajudou muito juntamente com Dom Paulo Evaristo Arns em São Paulo e muitos morreram, citando apenas o nome de Santo Dias da Silva.

Em 1.968 tinham chegado mais Filhos da Caridade, o padre Afonso, padre Bernardo, padre Carlos Tosar, padre Henrique e padre Cláudio. Mais tarde chegou a padre Ivo e também veio viver conosco o padre João Pedro Borderon que esperava o visto para entrar em Cuba, mas sem resposta, passou alguns anos no Brasil e depois recebeu o visto esperado.

Decidimos, com o acordo dos superiores, assumir paróquias na diocese de Santos: Santa Margarida no bairro de Areia Branca, Sagrada Família no Jardim Radio Clube  e, alguns anos depois, em São Vicente na área do Joquei Clube e de Santa Margarida. Havia os que trabalhavam no ministério paroquial  (padres Afonso, Claudio e Henrique) e 3 que trabalhavam em fábricas (padres Bernardo, Carlos e Ivo), manifestando assim a sua vontade de sentir na própria carne o sofrimento dos trabalhadores.

Na noite do Ato Institucional nº 5 (9 de dezembro de 1.968), a polícia política veio prender os 3 padres operários e os levou no batalhão de caçadores de São Vicente onde ficaram até o fim do mês. A intervenção do bispo de Santos Dom David Picão, conseguiu a sua libertação.

Foram anos difíceis: uma tentativa de formar um seminário com 3 jovens que queriam ser Filhos da Caridade fracassou  porque foram denunciados no DOPS como perigosos subversivos.Tudo isso mostra o clima onde se realizava o trabalho pastoral, mas nunca  faltou o apoio do povo: os padres eram e são ainda muito queridos.
Pe. José Mahon Fc.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

HISTÓRIA DOS FILHOS DA CARIDADE NO BRASIL


Parte 4...
 
Em 1.968 chegou do Canadá o padre Alfredinho que queria viver no meio dos mais pobres. Ele pensava em residir na favela dos alagados em Salvador da Bahia, mas o arcebispo não concordou e ele foi aprender a língua portuguesa em Crateús onde dom Fragoso, bispo diocesano, o acolheu.

Passado alguns meses a amizade com Dom Fragoso ficou tão forte que o padre Alfredinho resolveu ficar em Crateús, realizando um trabalho apostólico muito profundo nos bairros mais pobres, no meio da prostituição, nas frentes de trabalho onde foi duramente criticado pelos militares naquela época da ditadura militar.

Por causa da seca e muitas famílias vinham na cidade com a intenção de saquear os supermercados, Alfredinho conseguiu que o povo de Crateús o acolhesse com carinho em suas casas como verdadeiros irmãos: eram as famílias abriando as suas portas aos famintos (“PAF” porta aberta aos famintos).

Criou na Barra do Vento um centro de retiros que foi chamado para animar retiros de sacerdotes ou religiosas, com um jeito de viver tão simples e evangélico que se tornou uma figura muito conhecida no Brasil.

Fundou a irmandade do Servo Sofredor “ISSO” que se espalhou em muitos estados do Brasil e muitos países do mundo.

Em 1.989 veio pra Santo André viver na favela Lamartine e animou a capela Nossa Senhora Aparecida, no coração da favela.

A sua saúde estava muito prejudicada e, após uma longa doença, faleceu em Santo André no dia 12 de agosto  de   2.000,  deixando escrito vários livros, entre eles o mais conhecido é  “A burrinha de Balaão”,  e a sua vida está imortalizada  em livro do autor Michel Bavarel.

Passou também aqui um ano e meio o padre Guido Cousin, canadense, mas voltou para a terra natal no fim de 1.970. Soubemos depois, que entrou na casa do Pai em 2.001.